Funciono, essencialmente, no modo auditivo.
Sons, mais do que qualquer outra coisa,
que me fazem pensar
ou lembrar
qualquer sensação que já tenha vivido.
Não obstante, foi o silêncio das imagens
que me trouxe algo mais próximo, mais íntimo.
Todo o caminho foi percorrido
em meu
total silêncio interior,
perturbado apenas pela barulheira infernal
das vozes daqueles
miseráveis que tentam,
tirar-me da direção certa,
como se houvesse alguma.
Faz
pouco tempo. Talvez muito. Já não recordo.
Tive a primeira visão do vazio,
daquele branco vazio.
Senti como se aquilo copiasse minha forma, minhas
vontades.
Uma página a ser rabiscada,
milhares de ideias a serem trabalhadas.
Possibilidades!
No instante, grito para que me ouças de onde estiveres.
Imploro
que me preenchas com tua estúpida sensação de vida.
Quero não ser apenas mais
um grande espaço repleto de nada.
Traz contigo os teus desejos, sorrisos cheios
de malícia,
teus medos e carências, tua felicidade inteira,
teu mais sincero
amor.
Deixa que eu os aconchegue dentro de mim
de uma forma qualquer, desordenada,
para que
quando os procurar,
fique mais um pouco perdida dentro de mim.
Precise de mim
quando fores embora.
Deixe tudo em mim para teres motivo para voltar.
Faz em
mim teu abrigo,
tua morada,
teu castelo.
Só assim esse branco vazio
as minhas paredes terão fim.