domingo, 25 de dezembro de 2016

Despedida

O clamor tem se alastrado em mim.
É tão tácito e visceral.
Eu não quis enxergar os sinais de emergência
E tentei negar o padecimento, mesmo, e principalmente,
Diante do anúncio diário de um cortejo fúnebre infindável.
Uma urna cheia do meu vazio estava ali, mas não eu.
Aquilo não devia ser eu, pois não havia nada ali.
Dentro daquilo eu não era mais nada.
Lugar algum me pertencia.
Mesmo desejando, não estava em lugar algum.
Não havia choro ou lamentação.
Nenhuma palavra de conforto.
Palavras...
Eu as apaguei a cada sentido errado que me indicavam,
Em todo ajustamento para ligames,
Em todo nó, um erro
E em cada erro meu, que fez ou faz qualquer sentido,
Palavras...
Eu as deixo como vestígios daquilo que nunca mais serei...
Um corpo em clamor.