quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Saída

A droga do absurdo cotidiano me consome.
Minha aparência cansada, olhos vermelhos, insone
Demonstra aquilo que já não sou.
Restos sem vida de felicidade, foi só o que me sobrou.

Minha companhia? Apenas do desejo infundado de viver.
Mas ainda lembro dos sonhos em que sorria.
Solidão, angústia, que miséria ainda há de ser?
Estou acordado? Sim, bem mais do que devia.

Percebo olhares cheios de pena voltados a mim.
Ainda hoje vejo coisas que nem sei relatar
Por que em meio à multidão sinto-me assim?
Sinto o cansaço. Já não sei e nem quero mais lutar.

E mesmo as palavras que escrevo machucam
Mas a dor me faz lembrar que tenho aberta, ferida.
Palavras que satisfazem meu vazio, me educam.
Ensinam que já não quero permanecer mais em vida.

Falta-me vida. Sobra-me o desejo de morte.
Sobra-me o desejo de chegar ao fim.
Sair do vazio, sem dor nem receio, enfim, sorte.
É o caminho que resta para mim.

Talvez, dentro desta vida sem eira nem beira.
Eu nunca encontre o que tanto procuro.
Eu a quero, mas talvez nem a morte me queira.
Fui apenas um erro, um tiro no escuro.

Já questionei tanto os desprazeres desse lugar.
Tentei viver da maneira que me era imposto.
Agora o silêncio das respostas vem assombrar
Mas já não caem mais lágrimas neste velho e triste rosto.

Nessa última estrofe tento encontrar sentido
Dentro das coisas que vivo, nas pessoas que vejo.
Parece que não há mais jeito para mim, bandido.
E a morte é meu último e único desejo.

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