sábado, 25 de agosto de 2012

Sentimentos escritos, palavras sentidas


Ao ler tais palavras, eu as quis ter escrito.
Fui compelido a fazer a leitura novamente e
Viajei na possibilidade de dizer algo melhor – inveja saudável.
Mas aquelas palavras simplesmente acolheram o que eu sentia
Em um abraço tão carinhoso e decisivo que me fez descansar.
Fui tomado por um vazio enorme, como se a ausência fosse tangível.
Mas tudo passou. Apenas passou.
Hoje, em outras palavras, me procurei. Abri livros, revistas, capas de discos.
Eu não estava ali. Não estava em lugar algum – decepção momentânea.
Percebi que não era a mim que procurava.
Os sentimentos descritos naquele texto eram alheios e não os meus.
E aquele abraço se tornara apertado demais. E o carinho se tornara dor.
Não havia mais sorte, nem mesmo a perfeição em outros.
O sonho, quando de olhos abertos, é melhor de viver.
E foram outras palavras que me abriram os olhos.
Estas palavras podem não ser minhas.
Se alguém já as escreveu, me processe por não citar a fonte.
Mas os sentimentos que elas carregam...
Ah! Estes, por me pertencerem, certamente são teus!

sábado, 11 de agosto de 2012


A dor dilacerante do amor. Tua presença é necessária assim como o ar desgraçado que me traz e me tira a vida, mas que não posso sequer ver. Não preciso de provas para saber que o tal sentimento existe, pois já o provei, o senti e o perdi. Hoje me sinto consumido pelo novo, pelo desconhecido. Sei que desejo, mas ainda sei amar?
Não quero sofrer mais. Não quero mais sofrer. Ando carente, choroso, impaciente, doente, calado. Entre tantos enganos que eu podia cometer, entre tantos medos, por que o de amar é o que se apresenta com mais veemência?
Não há canto desta casa que não conheça o salgado sabor das minhas lágrimas que caem confusas, molham e mancham o chão da minha história. Minhas mãos, já cansadas de enxugar as lágrimas e limpar minhas memórias, tentam sinalizar uma saída, mas meus olhos, ainda úmidos, mal enxergam que, diante de mim, não há saída alguma.
Acidentes acontecem, os olhos tremem, as mãos não obedecem, a cabeça não para. O maldito é costumeiro. Não suporto mais! Quero sair de mim! O inferno é real e está dentro de nós – de mim, ao menos. Qual a medida da sanidade de uma pessoa? E qual o início da loucura? Será amar, amar e amar, esperando que aconteça algo diferente dos últimos sofrimentos? Isso se encaixaria bem no conceito de loucura – da minha loucura. No entanto, nem todo sofrimento é igual, mas nunca menor que o anterior. Hoje apenas dói. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Jussandra

Hoje sei que posso e devo comemorar.
Comemorar a surpresa de cada dia,
A volta da inspiração para minha poesia.
O passo adiante no meu caminhar.

Celebro certeza de ser um bobinho
Que vê a beleza intocável e eterna da vida,
Sem mais mágoa, mazela ou ferida.
Só o descanso nos teus braços, meu ninho.

Hoje, distraído, te encontro nas esquinas desta cidade.
A qual, de olhos fechados e coração aberto, ouve meu canto.
Todos sabem que és, para mim, mais que um sonho cheio de encantos.
Aquilo que eu tinha como fantasia – utopia – tornou-se realidade.

Desde aquele dia senti o sabor de uma nova vida.
Em ti encontrei segurança, afeto, chamego, uma saída
Dos dias em que não via mais o sol e não saía mais à rua
Ao te encontrar, devolveste minha vida, hoje, tua.

Consegues enxergar, em meus olhos, o teu brilho?
Aceitas a culpa de causar, a este ser, tamanha felicidade?
Fizeste-me descobrir que não sou apenas uma tela,
Que a vida vai caminhando de volta aos trilhos,
Que ainda há, em minha alma, de viver, a vontade.
E que a vida... A vida, minha criança... É muito mais do que vejo pela janela.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Reflexo


Nasci para agradar aos que não sabem o que querem.
Vivo sem saber o que dizer àqueles que precisam de conselhos.
Algo não parece comigo quando fixo o olhar no espelho.
Assuntos diversos. Não sei qual palavra tento não conhecer.
Migalhas? Sentimentos? Vidros quebrados? Tudo é sinônimo de unicidade?
Perdão se divago sobre coisas que não queres saber.
Não escrevo para satisfazer tuas - ou minhas – necessidades de bom gosto.
Não tenho bom gosto, gosto bom ou talvez nenhum gosto algum sobre isso.
Visto este terno da fissura pela letra morta.
Pelo sentido vivo das coisas vazias – como eu.
Diferente de outro dia, igual à hoje, fico parado vendo as coisas passarem.
Não tento agarrar-me, sequer, a coisa alguma.
Nem mesmo ao que escrevo. São apenas palavras.
Talvez eu não saiba o que quero. Talvez eu não precise de conselhos.
Sei que sou igual a mim, mesmo sem me olhar espelho.
E nada vai mudar isso.
Seja lá o que isso for.