O que me tornei?
Há tempos venho pensando em tal questão.
Passo horas, incansavelmente, tentando descobrir.
Sou tanto que já nem sei mais?
Sou tão pouco que não há o que se falar?
Questiono se me enganei tanto acerca das coisas que presenciei, senti, vivi.
Olho para dentro e não encontro a bagunça que havia.
Está tudo tão tranqüilo e exato.
Confesso ter certo receito em relação a esse status de normalidade.
Onde está o menino e suas carências?
Sei que recordo daquele sorriso sincero, mas não mais da razão de tudo aquilo.
Era tão frágil, curioso e – sendo bem clichê – um romântico incurável.
Foram roubadas essas especificidades?
Foram perdidas ao longo do tempo ou apenas estão escondidas em algum lugar ainda inalcançável?
Deixo de lado.
Lembro também que crescia e aprendia certas coisas que jamais usaria.
Aprendi a sofrer calado, aprendi que as lágrimas são sempre companheiras
Mas que o sorriso ainda seria uma poderosa máscara contra os demais sentimentos que quisessem se mostrar.
Aprendi que a controlar o que sentia – menos os instintos mais selvagens, os quais, sutilmente, detenho e alimento - para sofrer menos.
Frente ao que acabo de afirmar, ficaria fácil definir o que tenho ou mesmo o que sou, mas ainda que tenha controlado meus sentimentos – e com certa facilidade – continuo sem saber quais e até que ponto eu tenho tal controle.
Essa facilidade surgiu da possibilidade de ter poucos ou nenhum sentimento a ser controlado?
Possibilidade não descartada até agora.
E diante disso me ponho a pensar.
É dessa ausência de sentimentos que a tranqüilidade e a exatidão dentro de mim parecem normais?
O que sou agora? Já nem sei.
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