quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Já com a vista cansada, os olhos pesados, confesso.
Absurdamente não encontro formas para falar.
Obras, poemas, músicas, em cada simples verso.
Não existe tal forma de amar?

Amo-te como se já não soubesse mais ser racional.
Como se tudo, sem você, tivesse menos valor.
Posso perder a medida do meu ser... normal.
Amo-te e, dessa forma, já não sinto mais dor.

Parte de mim já nem sabe o que escrever.
Como descrever algo tão complexo?
Já não sei sentir menos que isso.
Sinto-me paralisado, retardado, disléxico.

Quantos de mim podem te amar?
O menino em toda sua pureza?
O adolescente enquanto durar?
O adulto em minha sutileza?
Mesmo eu, louco em meus devaneios.
Não foge o amor dessa natureza.

Há tantos de mim.
E há tantas mais formas de te amar.
Eu nem sei mesmo quem sou, quantos sou.
Já não sei contar.
O que mais importa é que para cada eu,
Para cada simples ou complexo eu,
Sempre há um jeito de te encontrar...
E te amar...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

recordações...

Os detalhes mais absurdos de um passado perfeito me assombram. Os sorrisos mais sinceros, os abraços mais confortantes e protetores, os beijos mais apaixonados, o humor que me recordo e sinto e volto a procurar-te loucamente, incansavelmente... Estou cansado. Estou ferido. Abandonado. Quero de volta. Quero muito. Quero minha vida (ou o que sobrou dela), meu destino (se acreditasse nisso), meus desejos (se não fossem tolhidos), minha morte indolor (que foi ser um dia), meu sono profundo. As lembranças me destroem. Já não quero mais sofrer. Já não agüento mais viver assim. Não há música que agrada aos meus ouvidos. Já não há gosto bom na minha boca. Só há o humor que ainda sinto por aí  e isso não me dá mais o prazer, nem felicidade, nem paciência. Os caminhos que ando já não me levam onde desejo. É tanto... Tanto querer, tanto distrato, tamanha doença, desejos descabidos... Já não há mais espaço para tanto você em mim. Livre? Não mais. O era quando preso a ti. Era prisioneiro que jamais desejou liberdade.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mudança

O que me tornei?
Há tempos venho pensando em tal questão.
Passo horas, incansavelmente, tentando descobrir.
Sou tanto que já nem sei mais?
Sou tão pouco que não há o que se falar?
Questiono se me enganei tanto acerca das coisas que presenciei, senti, vivi.
Olho para dentro e não encontro a bagunça que havia.
Está tudo tão tranqüilo e exato.
Confesso ter certo receito em relação a esse status de normalidade.
Onde está o menino e suas carências?
Sei que recordo daquele sorriso sincero, mas não mais da razão de tudo aquilo.
Era tão frágil, curioso e – sendo bem clichê – um romântico incurável.
Foram roubadas essas especificidades?
Foram perdidas ao longo do tempo ou apenas estão escondidas em algum lugar ainda inalcançável?
Deixo de lado.
Lembro também que crescia e aprendia certas coisas que jamais usaria.
Aprendi a sofrer calado, aprendi que as lágrimas são sempre companheiras
Mas que o sorriso ainda seria uma poderosa máscara contra os demais sentimentos que quisessem se mostrar.
Aprendi que a controlar o que sentia – menos os instintos mais selvagens, os quais, sutilmente, detenho e alimento - para sofrer menos.
Frente ao que acabo de afirmar, ficaria fácil definir o que tenho ou mesmo o que sou, mas ainda que tenha controlado meus sentimentos – e com certa facilidade – continuo sem saber quais e até que ponto eu tenho tal controle.
Essa facilidade surgiu da possibilidade de ter poucos ou nenhum sentimento a ser controlado?
Possibilidade não descartada até agora.
E diante disso me ponho a pensar.
É dessa ausência de sentimentos que a tranqüilidade e a exatidão dentro de mim parecem normais?
O que sou agora? Já nem sei.