sexta-feira, 24 de maio de 2019


Desatino

Seu início foi apenas uma ideia
Passageira (e) inofensiva 
Uma quase companhia - absurda e furtiva
Silenciada por gritos da rotina e
Pelo cansaço dos dias, meses, anos...
É nesse silêncio que o quase e o absurdo se vão
E seu assombro aparece em claros sintomas
Como relâmpagos, trovões e nuvens escuras
Que antecedem uma tormenta,
A qual passará sem o despejo.
O vento não soprará nesta direção
Falsos apegos gerados do medo
Sem previsão
O céu cairá
E toda lucidez submergirá
A velha rotina, agora silenciada, sucumbirá
Aos pés de uma nova irrealidade mundana
Tão abstrata e vivencial
Nas ruínas do substrato
Que ainda serei eu.

sexta-feira, 5 de abril de 2019


Para além daquela circunstância,
Meu (in)oportuno deslize revelou a capa da minha chuva
Um bramido da genuína verdade, escondendo-a às claras,
Negaceando sua face à aparente lucidez meus sentidos.
Peregrino nesse arcano, pisando descalço em terreno árido.
Sob o sol, testemunho com lamúria a sombra do que fui e sou.
Exasperado, quimera qualquer se torna um covil,
Um recolhimento para minhas inseguranças,
No qual não há luz ou vislumbre algum do que serei
Não há mais engano aqui, não terei tal destino,
Pois as gotas da minha chuva não caem ao chão 
Nem mesmo se esvanecem.
Meu corpo vagueia quase sem vida
Sendo afogado em minha própria chuva.