sábado, 15 de setembro de 2012

Casa ou baú?


Funciono, essencialmente, no modo auditivo.
Sons, mais do que qualquer outra coisa,
que me fazem pensar
ou lembrar qualquer sensação que já tenha vivido.
Não obstante, foi o silêncio das imagens
que me trouxe algo mais próximo, mais íntimo. 
Todo o caminho foi percorrido
em meu total silêncio interior, 
perturbado apenas pela barulheira infernal
das vozes daqueles miseráveis que tentam, 
tirar-me da direção certa, 
como se houvesse alguma. 
Faz pouco tempo. Talvez muito. Já não recordo. 
Tive a primeira visão do vazio, daquele branco vazio.
Senti como se aquilo copiasse minha forma, minhas vontades.
Uma página a ser rabiscada, 
milhares de ideias a serem trabalhadas. 
Possibilidades! 
No instante, grito para que me ouças de onde estiveres.
Imploro que me preenchas com tua estúpida sensação de vida. 
Quero não ser apenas mais um grande espaço repleto de nada. 
Traz contigo os teus desejos, sorrisos cheios de malícia, 
teus medos e carências, tua felicidade inteira, 
teu mais sincero amor. 
Deixa que eu os aconchegue dentro de mim
de uma forma qualquer, desordenada, 
para que quando os procurar, 
fique mais um pouco perdida dentro de mim. 
Precise de mim quando fores embora. 
Deixe tudo em mim para teres motivo para voltar. 
Faz em mim teu abrigo, 
tua morada, 
teu castelo. 
Só assim esse branco vazio
as minhas paredes terão fim.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Indômito


Teu cheiro me invade, toma meu corpo,
Faz residência já impregnado no desejo remanescente.
Tua imagem, não contínua, é verdadeira e 
Tão tangível quanto qualquer realidade ou sonho meu. 
Guardo a ti.
Recolho teus resquícios deixados em meu caminho, 
Jogados à lembrança em flashes, espasmos involuntários de vontades, por vidas, contidas.
A noite se torna um absurdo libidinoso sem controle e interminável.
Torno-me um imorigerado.
Fecho os olhos e durmo.
Sem mais esperanças do físico esta noite.
Apenas durmo.