Estar doente é engraçado.
De uma forma trágica, acho engraçado, pois
Busca-se a cura dos males de todos,
- não apenas nossos.
Quer-se brincar do que não se pôde um dia,
Viajar para locais improváveis e
Ver o mundo aos olhos, agora, curiosos pela doença.
Estar em contato com o transcendental ou divino
E, ao mesmo tempo, esbanjar-se no consumo de tudo que é proibido
Aqui mesmo, nesta minha terra de ninguém.
Entregamo-nos aos verdadeiros sentimentos
Pedidos completamente arrependidos de perdão,
Rendição completa aos abraços eternos – de despedida;
É estranho e divertido como o mal nos ensina a viver,
A dar sem esperar receber, pois pode não haver volta;
A tirar as trancas mais óbvias e desarmar-se
A perder a guerra, pois não há motivo para lutas vãs
Não existem mais lutas ou motivos para perder.
Estar doente, caros saudáveis, é isto:
Saber que a vida é demasiadamente efêmera
Para edificarmos prisões em vez de pontes,
Rastejar, em vez de voar.
Reclamar, em vez de viver.
E quando tudo acabar – sim, vai logo acabar...
Não sou digno de pena ou de olhares tortos
Tua hora também chegará.
Que se foda, a hora chegou e eu estou indo!
Minha doença é querer ser feliz
E não posso ficar aqui parado.