Eu, que só queria viver e lembrar,
Resolvi me esquecer e me recriar
De novo, mais uma vez e
Quantas fossem necessárias
Até quando pudesse encarar
O meu reflexo sem temer,
Sem me desesperar,
Sem ter de ouvir os gritos
Da alma sofrida
Daquele ser que vivia
Num passado já dormente
Que agora só se faz presente
Nos espelhos quebrados
Que não mais encaro
Nas poças d'água, distorcido
Ainda refletido, sim,
Mas que não mais reconheço
Como meu,
Apenas outro eu
Que só queria viver e lembrar.